MARCHA
DAS VADIAS CWB – 2012
Precisamos
mesmo de uma Marcha das Vadias?
Em
2011 realizamos em Curitiba a primeira Marcha das Vadias, buscando refletir
sobre a culpabilização da mulher em casos de agressão sexual. Tivemos intensos
debates sobre a validade do movimento, a polêmica do nome e a origem canadense da
Marcha. Discutimos sobre a participação das mulheres negras, sobre o caráter
elitista do grupo, a participação masculina, o apoio às prostitutas, a causa
LGBTT, o movimento feminista curitibano. Mobilizamos virtualmente quase 30.000
pessoas em torno da discussão sobre a cultura de agressão sexual. Levamos mais
de 1000 pessoas às ruas do centro de Curitiba, para reivindicar a autonomia no
uso do próprio corpo e debater a violência que assola a nossa cidade.
Durante
todo o ano fomos às ruas, ocupamos a Boca Maldita, discutimos o machismo da
política paranaense, nos manifestamos a favor da descriminalização do aborto e
contra a banalização da violência sexual na TV. Comemoramos o Dia do Laço
Branco, da Não-Violência, criamos campanhas de conscientização pelo fim da
violência de gênero. Participamos da Conferência Municipal de Políticas
Públicas para Mulheres e fizemos parte, juntamente com outros coletivos, da
organização da Marcha das Mulheres do Campo e da Cidade. No dia 08/03 marchamos
por um mundo mais justo.
Missão
cumprida? Não, estamos muito longe disso. Os números da violência de gênero
crescem a cada dia, no Brasil e em nossa cidade. No nosso país quase 2,1 milhões de mulheres são espancadas
porano, sendo 175 mil por mês, 5,8 mil por dia, 4 por minuto e uma a cada 15
segundos. Em 70% dos casos, o agressor é uma pessoa com quem ela mantém ou
manteve algum vínculo afetivo. As agressões são similares e recorrentes,
acontecem nas famílias, independente de raça, classe social, idade ou de
orientação sexual de seus componentes.
O Brasil é o 7° país do mundo que mais mata
mulheres. O Paraná é o 3º estado no ranking e Piraquara é a 2º cidade
brasileira com maior número de assassinatos de mulheres. O Paraná é o segundo estado mais homofóbico do país. A cada 1 dia e 1/2 uma pessoa trans é brutalmente assassinada em Curitiba. Em 2011, no Paraná, mais
de 17 mil mulheres foram agredidas e mais de 4 mil foram vítimas de crime
sexual. Em 2012, quase 5 mil mulheres foram vítimas de violência. Em Curitiba,
115 mulheres foram assassinadas em 2011 e 30 mulheres foram mortas no início de
2012.
Sabemos que estes números são ainda maiores,
pois muitas vítimas não denunciam seus agressores. E são assustadores, poisa
maioria das agressões (física, sexual, psicológica) ocorrem em casa e que desde
criança estamos sujeitas a elas.
Criamos uma sociedade que tolera a violência
e que atribui a culpa à própria vítima. É essa cultura machista que queremos
transformar. Lutamos para que a mulher deixe de ser vista como um mero objeto e
passe a ser vista como uma pessoa, com direitos e vontades.
Para que isso seja possível, precisamos de
políticas públicas voltadas à saúde, educação e segurança, além de um amplo
debate com toda a sociedade. Este é o primeiro passo para que possamos
finalmente reverter esse quadro.
Por isso acreditamos que precisamos, sim, levar
as Vadias novamente às ruas, para mais uma vez mostrar à toda a cidade que não
iremos nos calar.
MEXEU COM UMA, MEXEU COM TODAS
Simplesmente o que a mulher veste não diz que pessoa ela é, bem como não justifica os atos de violência. É necessário romper com o discurso do moralismo e repensar na cultura machista e patriarcal que ainda permanece na nossa sociedade. Chega de fingir que não sabemos que muitas mulheres são estupradas fisicamente e “moralmente”, devemos admitir este triste cenário e procurar meios para transformação social em prol da igualdade de gênero e combate à violência.
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