segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Discussão sobre pornografia

por Gustavo Bitencourt

Bárbara propôs que fizéssemos a primeira discussão sobre filmes pornográficos no dia 26 de novembro, o horário ainda não tá decidido. Mas já vem de um tempo que a discussão sobre filmes pornográficos e pornografia vem permeando as conversas do grupo Marcha das Vadias no Facebook.

E eu to sugerindo aqui que a gente amplie a discussão pra falar de pornografia primeiro e, se for o caso, ir afunilando a conversa depois. Me parece que é importante primeiro nos situar em relação a esse universo imenso, de margens bem nebulosas, que é a pornografia, pra depois entender o que é o cinema e o vídeo pornô dentro disso.

A Susan Sontag começa o ensaio Imaginação Pornográfica fazendo uma distinção entre três diferentes pornografias, que me parece legal colocar aqui:
Ninguém deveria iniciar uma discussão sobre pornografia antes de reconhecer a existência das pornografias (há pelo menos três) e antes de se empenhar em considerá-las uma a uma. Há muito a se ganhar em exatidão se a pornografia, como um item na história social, for tratada de modo totalmente separado da pornografia enquanto fenômeno psicológico (segundo a visão comum, sintomático de deficiência ou deformidade sexual, tanto nos produtores como nos consumidores) e se, em seguida, se distinguir dessas duas uma outra pornografia: modalidade ou uso menor, mas interessante, no interior das artes. 
Nada impede que a gente ignore essas categorias, ou que eleja outras, mas já de cara parece importante partir do entendimento de que pornografia não é uma coisa homogênea, que existem vários modos de olhar pra ela, assim como para os filmes e vídeos pornográficos.

Vamos usar esse espaço aqui dos comentários pra já ir levantando algumas questões que nos interessam sobre o tema, e isso já pode ser um ponto de partida pra essa primeira conversa.

(A foto acima tem o título de "Pornography" e é da artista afegã Lida Abdul. O texto da Susan Sontag pode ser encontrado na íntegra aqui)



8 comentários:

  1. Antes de tudo, agradecer Ludmila Nascarella, "mãe" da ideia original.

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  2. linda foto!
    onde há espaço pro erotismo e pro movimento de vida?
    eu gostaria de saber. pelo menos pros meus vídeos.
    muitas vezes o nú é interpretado como agressivo para muitas pessoas.
    tenho vídeos com nú feminino que foram censurados no youtube sob o rótulo de "conteúdo impróprio".
    acho que a sexualidade em si é um tema tabu para estas mesmas "muitas pessoas" que assinalo em meu comentário.
    então, penso que a censura arrasta com seu "filtro bolha" toda diversidade e movimento de vida que inclua sua sexualidade para esta massa de produções pornográficas.
    complicado né? não sou afegã mas sinto na pele esta emoção....rs
    e aí? pornógrafa? artista? puta? sem vergonha? vadia? vaca lôka?

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  3. Então, Ludmila já tinha colocado outras questões, vou colar aqui:

    Ludmila Nascarella A minha questão: pessoas aprendendo a fazer sexo vendo filmes, consumindo sexo publicitário... iniciando sua vida sexual dessa forma, pela internet.

    Ludmila Nascarella E a questão do prazer feminino já que é tão complexa como fica nessa história toda...nesses padrões?

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  4. Vou colocar umas perguntas também:

    - Será que a falta ou o excesso de pornografia ajudam a produzir diferenças do tipo "meninas são mais românticas, meninos são mais sexuais"?

    - Será que houve uma diferença significativa no consumo de pornografia nas últimas décadas, considerando números, idade de quem consome, os tipos de pornografia que se consome? O que mudou do Carlos Zéfiro pro Redtube?

    - Quais são as implicações sociais da pornografia 2.0? (nome que eu arranjei agora pra pornografia feita pra web 2.0 - produzida, veiculada, comentada pelos próprios usuários)

    - Qual o papel das mulheres na produção pornográfica? Quem são as mulheres que dirigem, produzem, escrevem, desenham pornografia?

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  5. Então, eu queria deixar aqui dois links que acho que vocês vão achar interessantes - o One Angry Girl, que tem excertos anti-pornografia e umas sementes interessantes pra discussão, e os textos do Robert Jensen, que escreveu um livro chamado "Getting Off - Pornography and the end of masculinity".

    http://uts.cc.utexas.edu/~rjensen/articles_gender.html

    http://www.oneangrygirl.net/

    No caso, por que textos em inglês? Os EUA têm uma discussão maior sobre o assunto, afinal, eles têm uma indústria pornográfica gigantesca, e uma formação sexual masculina muito voltada para esse lado. No caso, se fala também da Pornografia Feminista, produzida por mulheres, que seguem determinadas regras como "foco nos rostos", "ênfase no prazer", "variedade de formas físicas", entre outras. No caso e na minha opinião, já que geralmente as produtoras de pornografia são ex-atrizes, elas são envolvidas com um molde de sexualidade já muito específico, mas não vou entrar nesse âmbito agora. Deixo pra vocês e deixo pra quando a discussão ferver :)

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  6. http://diplo.org.br/2008-05,a2364
    vale a leitura

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  7. Parabéns pelo campo de discussão, realmente ele é muito amplo e se faz necessário afunilar a discussão.

    A minha crítica e dica como tópico para discussão, a pornografia, se respalda em como o consumidor (ra), de tal produto, enxerga o seu (sua) paceira (ro) sexual,ou seja, como uma mercadoria, em que realiza seus desejos? Parecendo que aquele sujeito tem apenas a prática do sexo para oferecer, banalizando seus valores, suas ideologias, sua criatividade entre outras qualidades que a pornografia mascara,com a prática pura, do sexo. Esquecendo que no outro existe um ser humano dotado de direitos e características a serem respeitadas.

    Acredito que a pornografia faz com que seus consumidores passem por cima (brutalmente) sobre o outro e seus direitos.

    Daiane - MG.

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  8. LIBERDADE FÍSICA E MENTAL!!!
    Mulheres sentem o que com a pornografia?
    Nada?
    Sou mulher, 21 anos. Tenho um blog com nudez masculina. Adoro corpo masculino (o feminino tbm)
    e SINTO prazer olhando fotos, filmes com a nudez.
    Equanto existem MILHÕES de sites voltados ao público masculino, e outros milhões ao publico gay, nada é feito para mulheres.
    Por prazer, diversão, curiosidade, admiração, por não ter nada pra fazer, pra rir junto com as amigas...
    existem mil razões para mulheres se aventurarem neste mundo (q não se resume a FILMES PORNOGRÁFICOS.

    Eu estou lá. No blog da Ostra Revoltada.

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