quarta-feira, 22 de junho de 2011

Somos todas Madalenas





Vadias e Vadios!


Este é um movimento de libertação!
Libertação do medo de sermos quem somos.
De nos mostrarmos sem máscaras sociais.
De exigirmos respeito.


Na coletividade somos mais fortes e podemos mais.


Por isso, vamos organizar um texto coletivo, chamado "Somos todas Madalenas".


Estamos recolhendo relatos de mulheres que passaram por algum tipo de violência (física ou sexual) , abuso, exploração, submissão, humilhação...


Estupro (consumado ou não), abuso sexual com membro da família, espancamento, perseguição, passadas de mão, cantadas ofensivas, diminuição no local de trabalho, prostituição forçada...


Pense em cada vez que você se sentiu um objeto!




Poste o seu relato, anonimamente se quiser, nos cometários abaixo.


É hora de dizer BASTA!

9 comentários:

  1. Curitiba, 16 de abril de 1995.
    "Bordelenga", "puta", "vagabunda", "chechelenta", "preguiçosa", "relaxada", "inútil", "monte de banha", "morsa", "asqueirosa", "sonada", "piranha", etc.
    Este é só um pedacinho da relação dos "adjetivos" que escuto diariamente a meu respeito. Às vezes fico me perguntando se isto reproduzisse a verdade. O que seria de mim? Então eu seria o pior ser humano que Deus teria colocado neste planeta. Penso também que quando uma pessoa consegue dizer tudo isso na cara da outra é porque ela não tem mais nada a oferecer, nem respeito.
    A ladainha repetida por longos anos me faz crer que a pessoa que consegue me ofender assim não deveria dormir na mesma cama, usar da mesma mesa nem compartilhar do mesmo ambiente.
    Escrevo tudo isso porque a mágoa já ultrapassou os meus limites, NÃO AGUENTO MAIS!!!
    Não adiantaria nada me revoltar, discutir, pois a pessoa que me magoa não tem a mínima sensibilidade de entender qualquer sentimento "do outro".
    MÁGOA é a palavra adequada, depois REVOLTA em saber que a pessoa que você contou para dividir sua vida passa a ser uma agressora em potencial, usando da VIOLÊNCIA como arma e argumentação para TUDO.
    Socos, pontapés, chutes, porradas, cascudos, empurrões...
    Estas práticas também ficaram sendo corriqueiras e banais no dia-a-dia.
    Somaram as práticas violentas mais os "adjetivos" para completar o ritual do desespero e tristeza diária que está marcando muitos anos da nossa vida.
    Ah! Porém há bálsamos que nos dão alento a nossa vida. Um sorriso dos filhos, um bilhete carinhoso, um olhar cúmplice, um abraço prolongado dos filhos, SOMENTE DOS FILHOS, criaturas com sua missão, A DE SALVAR A NOSSA VIDA no dia-a-dia.
    Anjos que vieram por opção e por nossa vontade, nos refrigeram a alma e o corpo do inferno que muitas vezes vivemos.
    Anjos que sofrem conosco, porém alentam as horas seguintes ao sofrimento, motivo maior de ainda acreditarmos que um dia tudo poderá vir a ser melhor.

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  2. Tenho 16 anos e prefiro não me identificar.. num certo dia ,uns 3 meses após meus pais se separarem depois de 20 anos casados, eu fui a uma festa e depois iria dormir na casa do meu pai, quando cheguei em casa por volta das 3:30 da manhã, bêbada, meu pai estava dormindo num colchão no chão da sala, então eu fui e me deitei com ele. Ele conversou comigo e percebeu que eu estava bêbada, com certeza não tinha como não perceber, eu dormi depois de uns 10 minutos de conversa, quando eram mais ou menos umas 6 hrs da manhã eu acordo com meu pai me acariciando, e eu como ainda estava bebada nem me toquei e deixei que continuasse, quando me dei conta ele já havia chegado na minha vagina e estava me masturbando, logo que me toquei parei com aquilo. Depois disso eu nunca mais posei na casa do meu pai.

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  3. Sou uma Madalena!
    Infância feliz...
    Casa segura e acolhedora.
    Mas fui uma adolescente livre.
    Queria a liberdade.
    Tentativa de estupro com 15 anos.
    Tentativa de estupro com 18 anos com arma!Arma na cabeça.
    Tio, marido de uma prima, me incomodou, tentativa de abuso com 16 anos depois com 26 anos.
    Hoje com 34 anos, adulta terapeutizada, estou sob ameaça de morte há sete meses,tenho uma medida protetiva, da qual nada vale pq o notificado continua me ameaçando e infringindo a medida.Hoje mesmo recebi alguns emails dizendo que não acordaria viva...
    Sou apenas um protocolo na lei maria da penha!
    Nunca fui agredida fisicamente, mas emocionalmente ando vivendo sob pressão.
    Recebo ofensas de pessoas lá no evento da marcha pelo facebook!E é muito difícil agregar pessoas qdo me sinto obsoleta, tendo que ofertar conhecimento pra pessoas tão ingenuas e ignorantes!A marcha é minha é sua é de quem quiser!Pra mim, e pra muitas mulheres que sofrem ou já sofreram algum tipo de violência é a chave da transformação!De sublimar!E de ter o minimo de esperança de dias melhores!Vamos todos juntos caminhar prum mundo mais livre de preconceitos!
    Tenho muita vontade de me identificar...
    De gritar aos sete mares!
    Mas recebi conselhos de não fazer isso hj!
    PAZ!Evolução hj e sempre!

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  4. Hoje eu tenho 18 anos, mas a primeira vez que um abuso aconteceu comigo eu deveria ter uns 10 anos (não me lembro exatamente). Sei que um amigo do meu irmão, que na época deveria ter 16 ou 17 anos sempre me apalpava enquanto nós "brincávamos" (eu era uma criança!). Quando contei pra minha mãe ela só pediu que eu ficasse longe dele. Ou seja, na minha própria casa eu não podia nem ser uma criança livre, tinha que ficar tomando cuidado quando estava brincando. Até hoje penso que foi negligência da minha mãe, pois se fosse a minha filha não permitiria que uma pessoa assim continuasse frequentando a minha casa.
    E a outra vez aconteceu ano passado. Era dia de fazer a segunda sessão da minha tatuagem (segunda e última, ainda bem) e quando acabou, o tatuador colocou a mão por baixo da minha blusa e tentou pegar nos meus seios. Na hora eu peguei minha bolsa e fui em direção à porta, mas ele me puxou e me empurrou contra a parede tentando me beijar. Eu desviei e saí correndo. Acho que aquele nojento só não fez nada pior porque sabia que meu pai estava me esperando do lado de fora e se eu gritasse ele viria correndo. No dia seguinte fiquei me sentindo péssima, é claro. Pensei em denunciar e fazer um b.o mas realmente não teria provas.


    Quem fala que protestar contra essa violência é bobagem, é porque não sabe como é péssimo sofrer isso.

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  5. Sofri abuso sexual aos 7 anos de idade. Por um primo de uma amiga minha que tinha na epoca uns 15 anos, durante uma brincadeira dele. Me senti tão mal, e fiquei com medo que brigassem comigo, me senti culpada, quando perguntaram por que eu tava chorando disse que ele tinha me batido.
    Até hoje, com 22 anos de idade, não sei se minha mãe ou se minha amiga que estava comigo no quarto em baixo da cama sabem o que realmente aconteceu.
    Não tenho coragem de dizer isso para ela.

    Sei que não foi culpa minha, e eu guardo um rancor enorme dessa pessoa amaldiçoada.

    Vivo com o medo de sofrer outro abuso (medo de homens na rua, de cantada, etc). E do que eu seria capaz para impedir que acontecesse.

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  6. Estou aqui relatando em nome da minha namorada, que ha um tempo me relatou dois casos de abusos, um quando criança e um na pré-adolescência.
    Com 6 anos de idade um homem se utilizou de sua inocência, e após um interesse fingido numa brincadeira a levou para um canto afastado do parquinho de diversões e forçou um beijo enquanto se masturbava, ameaçou espanca-lá se fugisse ou gritasse, sorte, segundo ela, que seu tio apareceu e conseguiu evitar algo pior.
    Com 13 anos foi forçada a outro beijo por um homem qualquer na rua enquanto este dizia pedir informações.

    Não é à toa que evita abraçar outros homens, inclusive seu próprio pai.
    Eu, graças a deus, nunca sofri nenhum abuso físico. Já os morais, são frequentes.

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  7. Fui estuprada no dia do meu aniversário de 17 anos. Fui a uma festa da escola, bebi muito. Decidimos sair para ver o sol nascer, a turma era grande. Continuamos bebendo. Lá pelas tantas, apaguei... Só lembro de flashs... No dia seguinte, acordei vomitando, passando muito mal. Minha mãe veio me perguntar o que é que tinha acontecido. Disse que não lembrava e ela me contou que eu cheguei desmaiada em casa. Ela me deu banho e reparou que a minha roupa estava suja de sêmem. Perguntou com quem eu tinha ficado e eu disse que não sabia!
    No dia seguinte, na escola, conversei com as minhas amigas e elas disseram que eu saí com um cara (ele me carregando pelo ombro). Deu um tempo e o cara me trouxe de volta... Ninguém desconfiou de nada, porque o cara teve a calma de tirar a minha roupa, me estuprar e me vestir de novo. Me deixou junto com as minhas amigas...
    No final da aula o cara apareceu no colégio, com um papo de anticoncepcional, se tava tudo bem comigo, muita ressaca... Se meu pai tinha ido procurá-lo... Como se tudo tivesse sido consensual. Senti tanta vergonha, por não lembrar de nada, pela humilhação de ter feito sexo quando estava completamente inconsciente... Disse que estava tudo ok.
    Os meus pais, que sabiam do acontecido, não insistiram em saber quem foi. Meu pai nunca nem sequer cogitou ir atrás do cara. Ninguém me disse que eu podia denunciá-lo... Fui encaminhada a uma terapeuta, que também nunca falou em estupro.
    Só quando eu assisti ao filme Kids, que tem uma cena assim no final do filme, percebi o que tinha acontecido. E mesmo assim levei mais de 15 anos para afirmar: eu fui estuprada.
    Ninguém sabe... Mesmo as minhas amigas da época encararam isso como natural.
    mas eu sei o quanto a vergonha e a culpa e o nojo de mim mesma pesaram.

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  8. Namorei durante 7anos... no começo tudo era lindo até ele começar a se sentir meu dono, eu acordava a noite com ele me xingando baixinho..."essa vadia ela vai ver vou matar ela" isso quando não acordava com um empurrão ou um apertão tudo pq ele sonhava ou imaginava eu traindo ele ou coisa assim...então comecei a ficar com medo tentei terminar...foi terrível ele dizia que me amava, que tudo que fez era por amor...tenho que confessar o abuso moral deixa a gente doente vc começa acreditar realmente que é um lixo que aquela pessoa não ta fazendo aquilo pq ele é ruim e sim pq te ama que a culpada é vc que vc que tem que mudar e é nessa hora que tinha que existir um apoio sei lá alguma coisa pq só eu sei o quanto fiquei doente sega...depois de 3 meses longe e ele atrás falando que me amava eu cedi e voltamos e novamente o primeiro mês foi lindo até ele se sentir seguro pra começar tudo de novo me culpava por tudo que dava errado, comecei a acreditar que a culpa era minha, parei de me arrumar com medo de alguém me olhar na rua e ele brigar, comecei a engordar e quanto mais eu ficava feia mais ele apoiava "ta linda amor" tentava fazer uma dieta e ele me levava pra pizzaria "Que dieta? Ta burra?" e assim ganhei 30 Kg tudo que eu tentava era um balde de criticas "Pq vai fazer tentar?Não vai conseguir!" ele me dominava sempre dando a desculpas que me amava que não queria que eu sofresse, obvio que tbm teve agressão física mas sempre a desculpa “vc me deixa nervoso”, depois de 6 anos com auto-estima zero com medo das coisas trancada em casa me achando o lixo do lixo, resolvi tirar a carteira de motorista e apesar da negatividade consegui passar de primeira, percebi que podia fazer tudo...e naquele ano prestei vestibular estudando por contra própria passei tbm, comecei o curso conheci gente nova que me trata com respeito e percebi que o lixo era ele que nunca me apoio e só quis meu mal e finalmente consegui terminar ! Hoje continuo gordinha, me amo, me arrumo, saio, me divirto tenho muitos amigos e me sinto amada por todos que convivo! Depois de me libertar comecei a perceber que existem vários casos parecidos com o meu... quando identifico um procuro conversar passar o q vivi pq só eu sei o que é olhar pro lado e não ter ninguém que te entenda!

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  9. Tinha 17 anos quando resolvi voltar a pé do colegio para casa todos os dias, o que daria 2 hs de caminhada, me economizaria dinheiro e faria com que eu emagrecesse. Na segunda semana, enquanto eu voltava pra casa, no começo do meu caminho, um homem me chamou atenção, porque me olhava de um jeito estranho. Como era um dia de muito sol, parei embaixo da sombra de uma árvore pra descansar rapidamente, e esse homem parou num ponto de ônibus um pouco a diante daonde eu parei pra descansar. Quando passei por ele, ele disse "oi, tudo bem?" e eu só andei reto, continuei caminhando. Uns 40 minutos depois, quando mais perto da minha casa, vi esse homem denovo, ele havia descido num ponto de ônibus mais à diante. Ok, nesse dia cheguei em casa, sossegada, nada aconteceu. Umas duas semanas depois, eu voltava a pé, numa quarta feira (lembro que era o dia que eu usava calça de uniforme do colegio), vi esse homem ainda mais perto da minha casa, mas achei que era coisa da minha cabeça que fosse o mesmo cara, e ele começou a andar atrás de mim, de repente ele aparece do meu lado e pergunta se está tudo bem, dessa vez eu respondi, e ele começou a andar no meu ritmo, e próximo a mim. Nisso ele colocou um braço em volta do meu ombro, segurando meu casaco, e com o outro braço, ele colocou uma faca encostada na minha barriga dizendo que se eu reagisse, eu morria. A rua ao lado da minha casa tem muito mato, e passa pouca gente, pois não tem calçadas, e até o asfalto é muito precário. Ele foi me levando pra dentro de um mato, e depois de ter andado muito, eu pensei em virar e sair correndo, porque como eu tinha cooperado até ali, provavelmente ele estaria segurando meu casaco menos tenso, sem contar que o tecido do casaco é daqueles impermeáveis, que escorrega com facilidade da mão, virei e corri. Ao voltar pra rua, eu não aguentava mais correr em certo ponto, um carro parou, e um homem perguntou se estava tudo bem, disse que me viu correndo com cara de desespero, e eu na hora não pensei duas vezes, disse que não estava tudo bem e aceitei a carona do homem, esse me deixou em casa, e disse que daria depoimento à polícia, pois viu o homem que me rendeu me perseguindo quando eu corria de volta, e que quando o mesmo o viu, se enfiou pra dentro do mato de volta. Comigo pode não ter acontecido nada, mas fui dar BO na delegacia, e nada foi feito, já vi esse homem andando perto da região onde moro, e também já soube de pessoas que foram encontradas naquele mato aonde ele estava me levando. Obs. Se a mulher tem que estar com roupa de "vadia" para ser vítima de qualquer coisa, por que me renderam quando eu estava com calça larga de colegio e casacão pra não pegar chuva? Espero que esse movimento tenha resultados bons o bastante a ponto de eu não ter mais medo de esperar ônibus no ponto aqui perto de casa, ou de andar naquela rua denovo.

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